Inacreditavelmente os seis meses que se seguiriam deveriam ser de tranquilidade, visto que os exames foram cancelados. O médico nos pediu para que déssemos uma pausa nos raios, pois seu potencial de agravar a doença é muito grande. Mas, sentia que este intervalo seria para recompor as energias, revigorar as forças. No meu íntimo materno sabia que não era o fim. Parecia inclusive que estava preparando-me para uma situação mais difícil.
Neste período tantas coisas aconteceram; fiquei grávida, perdi o bebê, fiquei anêmica, me restabeleci, fiquei cansada, me recuperei. O Pedro Henrique perdeu três dentes-de-leite, se batizou, desenvolveu mais responsabilidades, se tornou um apreciador de naruto, e iniciou sua leitura do best-seller Harry Potter. O João Leonel ficou mais independente também, aprendeu o jogo da memória de forma inédita, ele mergulha, se veste e se manifesta nos conselhos familiares fazendo suas reivindicações. Meu marido amado passou por desobrigações e novas e estimulantes obrigações, viveu expectativas, viveu frustrações, iniciou acompanhamento cardiológico, e agregou remedinho para gastrite em sua rotina.
Seis meses de dias repletos de emoções em todos os sentidos.

O nosso doutor se reunirá com uma junta médica para definir o melhor procedimento. É realmente drástico demais operar cada parte afetada. Como ele está em fase de crescimento há um risco em realizar a cirurgia em algumas partes.
Quando tudo parece estar em um caminho desanimador, soubemos o estado dos tumores. Cada um deles permanece em estado benigno e adormecido.
Nem sempre as notícias são todas assustadoras, pudemos deixar o consultório à espera de um milagre.
Os seis meses mais curtos e mais longos, com tudo e com tão pouco.